
Subindo
nas pesquisas e crescendo mais do que conta bancária de pastor,
a influência política dos evangélicos ficou clara
no resultado das últimas eleições. De Aleluia em
Aleluia, eles passaram a sacolinha dos votos e fizeram muita gente rezar
durante a apuração.
No
Rio de Janeiro, o bispo Crivella quase foi para o segundo turno, mostrando
que o povo evangélico tem muito mais credibilidade que os padres
católicos na hora de manter os votos.
Mas
o que aconteceria se o bispo ganhasse? Como seria viver na verdadeira
Cidade de Deus?
|
Traficantes de Cristo
O Rio de Janeiro é conhecido mundialmente como uma
espécie de filial do mundo de Marlboro, uma terra perigosa onde
ninguém é de ninguém e até as balas de família
são chamadas de perdidas.
Com
os evangélicos na prefeitura, o poder paralelo continuaria ditando
as regras. A única diferença é que faria todas as
barbaridades com mais educação, de acordo com o comportamento
esperado de um bom cristão.
"Ofereça
a outra face, querido irmão!" substituiria o usual bordão
"Perdeu, praibói!" no assalto nosso de cada dia e a cidade
seria a pioneira no arrastão que pede licença antes de chutar
a velhinha na praia.
|
Gospel
pancadão
A popularidade de Jesus e suas mensagens chegaria facilmente nas
manifestações da cultura popular, como os bailes funk e as
tradicionais escolas de samba.
Os
desfiles na Sapucaí perderiam muito sem a exposição
gratuita de peitaria e afins, mas os pais das tradicionais famílias
brasileiras ficariam realmente satisfeitos com a renovação
trazida por músicas como "Melô da Comungação"
e "Bonde da Galiléia" devidamente interpretadas por "cantores"
de funk gospel como "Jack, o Pregador".
|
Proteção
divina
Ainda
no submundo, os poderes divinos alterariam o cotidiano da atividade policial,
trazendo novas práticas como a "Blitz do Fogo da Montanha Sagrada",
onde o bom PM espanca gentilmente o cidadão antes de perguntar se
ele carregam alguma droga, arma ou livro do Alan Kardec escondido no veículo.
O atendimento aos
chamados do Disque-Denúncia também seriam incentivados depois
da providencial troca do nome do serviço para Tele-Judas: Fala que eu te escuto!
|
Administração iluminada
Sangue de Jesus é poder! Sangue de Jesus é
responsabilidade fiscal!
Confiando
no milagre da multiplicação de pães para merenda
escolar e verba para investimentos, a prefeitura poderia acabar com os
impostos e introduzir o dízimo-cidadão, onde cada um contribuiria
com a quantia que o coração mandar (desde que cubra o orçamento
de manutenção do transatlântico dos bispos).
As
obras públicas também representariam uma economia sem igual
se pensarmos que homens de verdadeira fé não precisam de
pontes para atravessar rios. Seguindo o mesmo raciocínio, a construção
de túneis por dentro de montanhas poderia ser cortada do orçamento.
|
Arquivo da seção: Destaques
Envie este artigo para um amigo: |
|
|