
Todo
ano é a mesma ladainha quando chega a época de bater os
sinos pequeninos, aqueles de Belém. Os shoppings ficam cheios,
uma porção de aposentados pedófilos ganha uma
grana vestidos de Papai Noel e você fica endividado no cartão
de crédito só para evitar a fama de anti-social.
Acontece
que não é você que está errado por ficar chateado,
mas sim o Natal que já ficou fora de moda. Cada vez mais as pessoas
finalmente notam que o Papai Noel não passa de um velhinho meio
gagá vestindo uma fantasia de bombeiro patrocinada pela Coca-Cola
e imaginando que tem poderes mágicos, renas voadoras, fábrica
de brinquedos com duendes operários e uma porção
de outras bad trips muito esquisitas.
Chegou
a hora de mudar o Natal e nada melhor para começar do que aposentar
o Bom Velhinho. Sugerimos abaixo alguns novos símbolos para ocupar
a vaga e modernizar a velha festa cristã.
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Pikachu Noel
Como conseqüência direta do ausência das
figuras paterna e materna dentro de casa, as crianças modernas deixaram
de respeitar qualquer personagem que não esteja na grade de programação
do Cartoon Network.
Os pimpolhos criados na frente da televisão têm
os cérebros atrofiados pelos raios catódicos e seu nível
de felicidade depende exclusivamente do número de quinquilharias
que recebem de presente nas datas comemorativas.
Para aumentar ainda mais as vendas de bonequinhos e outras
inutilidades foi criado o Pikachu Noel. Patrocinado pelas empresas de
animação japonesas, este novo símbolo natalino vive
de trazer esperança e epilepsia para todas as crianças do
mundo. |
Crivella Noel
Mais
cheio de recursos do que canivete suíço e paraíso
fiscal nas Bahamas, o Crivella Noel possui diversas habilidades. Quando
não está representando o Natal, por exemplo, ele percorre
o Brasil realizando exorcismos e milagres via satélite.
Crivella
Noel vive do povo e para o povo. É o único que não
se rendeu ao ímpeto consumista típico desta época.
Ele veio para transformar a lógica capitalista que até agora
dominou o Natal e por isso mesmo não distribui presentes nem cria
discórdia por meio da noção preconceituosa de "ser
bonzinho durante o ano".
O único
presente de Crivella Noel é a "Palavra" que ele oferece
para todos, mesmo para aqueles que não querem ouvir (mas que depois
de duas horas de sermão desistem dessa resistência tola).
Em troca
por tanta bondade, Crivella Noel recolhe apenas alguns votos em tempos
de eleição e uma pequena quantia para colocar gasolina nas
renas, continuando assim sua peregrinação abençoada.
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Cannabis
Noel
O
Cannabis Noel é super gente boa. Conversa com renas mágicas,
plantas, jacarés amarelos e qualquer pessoa que aparecer desde que
não seja policial.
Nascido na Polônia, ainda criança se mudou
para Holanda, onde foi criado e reside até hoje. Ele é realmente
querido por todos, mas como símbolo natalino tem os seus problemas.
Esquece os presentes com freqüência e não pode ser convidado
para almoçar sem dar um prejuízo desgraçado. |
Long Dong Noel
Em
nosso tempos pós-modernos a família se tornou uma instituição
falida e um verdadeiro símbolo natalino precisa estar antenado com
as novas tendências.
Os casais de hoje não querem filhos ou preocupações
além da satisfação plena de seus próprios
desejos de luxúria. Por isso Long Dong Noel é perfeito para
simbolizar o atual Natal hedonista, cuja ceia é servida em casas
de suingue e as piadas sobre o peru são realmente colocadas em
prática.
Lembre-se apenas de manter uma distância segura
desse viril bastião natalino. Long Dong Noel está sempre
preparado e não dá bobeira. Qualquer dúvida, experimente
perguntar por que as renas e os duendes vivem encostados na parede. |
Freedom
Noel
Defensor da tradição e dos valores familiares norte-americanos,
o Freedom Noel segue a cartilha e não abre exceção
para ninguém. Só recebe presente a criança que foi
boazinha o ano todo, é branca, religiosa e não praticou atos
terroristas ou pecaminosos sem a presença de um padre para auxiliar.
Freedom Noel é
patrocinado pelo exército norte-americano e ama todas as criancinhas
do mundo, apesar de usar luvas apenas quando faz carinho em mexicanos,
árabes, negros e orientais. De acordo com seu duende de relações
públicas "Isso não significa preconceito, é
apenas uma questão de higiene".
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Durango Noel
Endividado até a alma, abandonado pela esposa e processado na justiça
trabalhista pelos duendes ingratos, Durango Noel é brasileiro (que
não desiste nunca) e vive de favor na zona norte do Rio de Janeiro
fazendo bicos de eletricista, pedreiro, encanador, palhaço, garçom,
flanelinha e apontador de jogo do bicho.
Apesar
de todas as dificuldades que enfrenta, ele tem um grande e bom coração.
Mas deve ser por sorte, já que o resto dos órgãos
internos passou do ponto faz tempo. Os pulmões já não
agüentam mais cigarro mata-rato e o fígado pediu aposentadoria
da vida cachaceira cinco anos atrás, logo depois dos rins e um
pouco antes do estômago.
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